MOTIVAÇÃO NA PRÁTICA EDUCATIVA

O Ser Humano precisa desenvolver ao longo da vida, diversas habilidades e competências, no sentido de suprir as necessidades das diversas dimensões de sua existência, como sua vida pessoal, familiar, social e profissional. Os caminhos que possibilitam essa empreitada são a educação e a aprendizagem.
Aprender é uma condição natural humana, alcançada e desenvolvida há muitos milhares de anos no caminho evolutivo de nossa espécie, porém isso não implica facilidade no trabalho de educadores e educadoras na missão de ensinar outros indivíduos, muito pelo contrário, essa tarefa vem se tornando cada vez mais complexa com o passar dos tempos.
Um educador realmente comprometido com seus alunos precisa encontrar meios de mobilizar seus aprendizes no sentido de fazê-los despertar o espírito investigativo, a inquietude do pensamento e a vontade intrínseca de querer aprender. Precisa saber fazer de seus alunos pessoas motivadas e abertas ao conhecimento.
EDUCAÇÃO E APRENDIZAGEM
Educar significa desenvolver capacidades e potencialidades nas pessoas, de modo que estas se tornem cada vez mais autônomas. Favorecer o amadurecimento do pensamento no sentido de uma ação analisada, planejada e bem executada, na resolução de problemas do cotidiano, como também potencializar o raciocínio lógico e crítico sobre as diversas realidades e/ou informações às quais a pessoa se depara durante a vida.
As condições mais desejáveis para uma boa aprendizagem se dão quando são desenvolvidas e respeitadas três funções: psicomotora, cognitiva e afetiva.
A função psicomotora está ligada à saúde física e mental do indivíduo e à questão do seu bem estar geral; a função cognitiva diz respeito aos processos mentais de aquisição da informação, do conhecimento e do saber; por fim,  a função afetiva é aquela que qualifica as relações do eu interior com o mundo exterior.
METACOGNIÇÃO
 Metacognição se refere à capacidade do indivíduo de pensar sobre seu próprio pensar. A consciência da pessoa sobre seu real estágio de aprendizagem, seus pontos fortes e fracos, suas estratégias para a aquisição de novos saberes a partir dos saberes pré-existentes. Ugartetxea (2001) sustenta que a metacognição tem encontrado lugar importante dentro da psicologia moderna e da psicopedagogia.
Para Holt (1982) o aluno que alcança bom rendimento escolar tem consciência e controle dos seus próprios processos mentais e de seu próprio grau de compreensão, podendo fazer o monitoramento constante de sua capacidade de aprender. Porém, o aluno de baixo rendimento escolar geralmente não é capaz de diagnosticar os pontos sobre os quais não sabe ou não entendeu.
A metacognição exerce influência em áreas fundamentais da aprendizagem escolar, tais como, na comunicação e compreensão oral e escrita e na resolução de problemas, constituindo assim, elemento chave no processo de aprender a aprender. (Valente, Salema, Morais & Cruz, 1989).
TEORIAS COGNITIVAS DA MOTIVAÇÃO
 A questão da motivação escolar, ao longo da história da psicologia, foi vista sob diversos aspectos e hoje temos diversas correntes teóricas. Atualmente, depois dessa construção histórica, trata-se de um dos temas mais complexos que preocupam a mente dos pesquisadores. (Boruchovitch, 1991:9).
Sisto (2001) defende que a motivação é uma variável-chave para a aprendizagem. Bandura (1982, 1989) escreve que as teorias cognitivas da motivação para a realização assumem que o comportamento é determinado por crenças pessoais que fazem a mediação do comportamento.
Sisto (2001) escreve também sobre a importância das metas que os indivíduos traçam para si mesmos. Existem no mínimo dois tipos de metas que as pessoas perseguem: a primeira pode ser chamada de meta de aprendizagem, onde a pessoa busca adicionar conhecimentos, competências e destrezas; a segunda denominada meta de realização/desempenho, na qual o indivíduo persegue como objetivo ultrapassar dificuldades, com esforço e persistência, a fim de dominar conceitos e conhecimentos no sentido de um crescimento intelectual a serviço de um desejo de sentir-se melhor que os outros ou não pior do que outros indivíduos, evidenciando assim suas competências.
ORIENTAÇÕES MOTIVACIONAIS
 Teóricos da motivação acreditam existir dois tipos de orientações motivacionais: uma extrínseca e uma intrínseca.
Segundo os pesquisadores um indivíduo extrinsecamente motivado procura realizar uma tarefa apenas visando uma recompensa externa (material ou social) a fim de demonstrar uma competência visando um reconhecimento, porém um aluno intrinsecamente motivado se realiza ao realizar uma tarefa que lhe for interessante, envolvente e geradora de satisfação (Mandelinck & Hrackiewiez, 1984; Sansone, 1986).
Devemos, entretanto, estar atentos ao desenvolvimento da autonomia de nossos educandos e para tal tarefa é importante percebermos as dificuldades e o tempo de aprendizagem de nossos alunos. Sobre autonomia Paulo Freire (2013) defende que “ninguém é sujeito da autonomia de ninguém” e também ninguém amadurece de repente, o indivíduo amadurece num constante e demorado processo do “ser para si” para finalmente “vir a ser”.
Uma das questões que afligem educadores e educadoras é o abandono escolar por parte de seus alunos e é bastante comum, ao perguntarmos a um aluno evadido do sistema educacional, obtermos como resposta que as “matérias que são dadas não servem para nada”.
Isso demonstra uma das fragilidades de nosso sistema: o currículo, muitas vezes distante da realidade dos alunos. David Selby (2003, 2004) defende que o currículo escolar tem uma visão retrovisora da realidade, voltada para o passado, oferecendo poucas chances para que os alunos envolvam-se com o presente imediato, vivo, ou com esperanças e visões para o futuro, tanto suas quanto dos outros. Sustenta ainda que a escola objetiva preparar para o futuro, porém desconsidera o futuro.
Considerando os estudos realizados acerca do tema e os relatos das experiências vivenciadas em sala de aula, é notória a importância de um olhar atento do educador aos seus alunos. Perceber atentamente os educandos que precisam de uma atenção individual ou de palavras de incentivo, além de nortear o educador sobre os métodos motivacionais a serem utilizados, enriquece o trabalho docente. É importante salientar que “não existe receita pronta”.  O olhar atento do educador às turmas e, principalmente, ao aluno em sua individualidade, buscando subsídios necessários para motivá-los a aprender, através de palavras ou ações que “resgatem” os mesmos de seus medos e anseios, torna-se essencial para uma aula de qualidade e enriquecimento mútuo.  
Autores: Airton Ruschel Junior, Cristiano Schmitt e Everton  Siqueira

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANDURA, A.  Regulation of Cognitive Processes through perceived self-efficacy. Developmental Psychology, 1989.p.729-35
BANDURA, A. Self-Efficacy Mechanism in Human Agency.  American Psychologist, 37, 1982.p.122-47.
BORUCHOVITCH, Evely (Orgs.) A motivação do aluno: contribuições da psicologia Contemporânea. In: Bzuneck,José Aloyseo, Petrópolis:Vozes,2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 44ªed-Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.
HOLT, J. How children fail. New York: Delta, 1982
MANDELIN, G. & HARACKIEWICZ, J. Proximal versus Distal goal setting and intrinsic motivation. Journal of personality and social psychology, 47 (4), 1984.p.918-28.
SANSONE, C.A. Question of competence: The effects of competence and task feedback on intrinsic interest.  Journal of personality and social psychology, 51 (5), 1986.p.918-931.
SELBY, David. Uma crítica a aprendizagem de uma perspective de educação global. Pátio.AnoVII, Nº28.Nov2003/Jan2004.
UGARTETXEA, J.X. Motivación y metacognición, más que una relación. Revista Eletrônica de Investigación e Evaluación Educativa, v7, n2, 2001.

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