História da Música Brasileira - Eunice Katunda
Eunice Katunda nasce em 1915 na cidade do Rio de Janeiro. Batizada como Eunice do Monte Lima, tem contato com a música ainda muito jovem. Aos três anos de idade, mesmo sem conhecimento musical algum, se aproxima do piano recém adquirido pela família e dedilha conhecidas melodias do início ao fim. Katunda é amplamente influenciada por seus pais. Sua mãe foi uma pintora nativista e pianista. Seu pai tocava violino e chegou a participar da administração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Mesmo muito entusiasmada com o som das teclas do piano, Eunice Katunda desenvolve o gosto pelo estudo anos mais tarde, após seu primeiro recital.
Seu gosto pelo carnaval, música popular e a batucada são resultado do convívio com uma espécie de gafieira existente em sua vizinhança no bairro de Botafogo. Dona de uma excelente memória auditiva, não tem dificuldades em reproduzir em casa o que ouviu na rua. Estuda com Mima Oswald, filha de Henrique Oswald dos cinco aos oito anos. Durante esse período, também tem aulas esporádicas com Rosita Costa Pinto. Aos nove anos estuda com a pianista e compositora Branca Bilhar. Em 1927, aos 12 anos, estréia como pianista em um recital solo no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro. Após essa apresentação, Branca Bilhar conduz Eunice a Oscar Guanabarino, onde aperfeiçoa sua técnica pianística.
Aos 17 anos Eunice Katunda faz seu primeiro concerto como solista, interpretando o Concerto em mi maior, opus 59, de Moskowsky. Em 1934 casa-se com o matemático Omar Catunda e vai morar em São Paulo. Estuda com Furio Franceschini e Marietta Lion de 1936 a 1942. Em 1941 interpreta no Teatro Municipal o Concerto n 4, de Beethoven. Essa data é considerada para Eunice como o início da sua carreira musical Em 1944 conhece H. Villa-Lobos, e influenciado por ele parte para a Argentina, realizando concertos por três meses.
Em 1946, volta para o Rio de Janeiro e inicia um período de formação marcante, que dura até o início dos anos 50. Trabalha intensivamente contraponto, composição e estética musical com Hans Joachim Koellreutter. Depois de ensinar serialismo e atonalismo, o alemão radicado no Brasil encaminha Eunice para Guerra Peixe, onde aperfeiçoa instrumentação e orquestração. É nessa época que fica internacionalmente conhecida com o a obra "O Negrinho do Pastoreio". Também nessa época participa do grupo Música Viva ao lado de Claudio Santoro, Cesar Guerra Peixe, Edino Krieger e Koellreutterm.
Em Julho de 1948, parte para a Itália ao lado de outros alunos de Koellreutterm no navio de Francesco Morosini para participar do Curso Internacional de Regência. Esse curso foi essencial para sua carreira, pois trabalhou alguns anos a frente da Orquestra da Rádio Nacional de São Paulo. A partir de 1951 ministra cursos de iniciação musical no Museu de Arte Moderna de Sao Paulo. Entre 1951 e 1952 atua diversas vezes como intérprete neste mesmo museu.
Meados dos anos 50, Eunice abandona o Música Viva para se dedicar ao partido Socialista, ao qual era filiada desde 1936. Em 1956 abandona o partido em protesto contra a invasão da Hungria. Eunice Katunda falece em 1990 na cidade de São José dos Campos.
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